sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Poema do beco






Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
— O que eu vejo é o beco

(Manuel Bandeira)



quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Dose de narcisismo


Desconheço as razões pelas quais algumas coisas que não costumavam fazer parte da minha linha de raciocínio estão presentes agora, se é a maioridade, se são as situações que eu e algumas pessoas próximas têm passado...

Mas as razões não fazem diferença. A questão é que venho notado que uma dose de narcisismo não faz mal a ninguém. Admito que essa opinião pode parecer estranha aos olhos dos que me conhecem um pouco melhor, mas deixem-me explicar.

As pessoas que geralmente não são dotadas daquela auto-estima nata têm a tendência de serem mais preocupadas com as opiniões que os outros possam ter delas. São mais agradáveis, mais tolerantes, fáceis de lidar, conseqüentemente. Mas sempre existe alguém que percebe essas boas intenções, e não tão bem intencionado, acaba se aproveitando dessa boa vontade, e agindo de forma nem sempre correta.

E os tolerantes aceitam, acabam sendo usados, e no fim das contas, aquela pessoa a quem consideravam tanto as deixa de lado, com seus sofrimentos e suas mágoas. E o que resta a essa pessoa a não ser se lamentar de sua sorte, e ainda por cima se sentir culpada pelo abandono que sofreu?

Por isso que nessa hora uma dose de narcisismo faz bem. Não aprovar certas atitudes, impedir que certas coisas aconteçam é fundamental para a própria felicidade. Ter medo de dizer não, fazer coisas que não se faria normalmente com medo de ferir só faz com que a dor mude de foco. O segredo de preservar relacionamentos não está em aceitar incondicionalmente, mas sim em respeitar e impor limites.

O relacionamento é uma coisa naturalmente difícil. Deixar tudo passar não significa que as coisa vão bem, muito pelo contrário, mais cedo ou mais tarde tudo cai por água abaixo, e aí, a quem culpar?

Sem falar na falsa idéia de quantidade. Vejo gente por aí dizendo ter muitos amigos, mas será que são pessoas com quem se possa contar? É preferível ter amigos que se contem nos dedos, a ter milhares, com quem não se possa contar num momento de necessidade.

E tem também o tempo para si mesmo. Pra ficar sozinho, pensar sobre a própria vida, as próprias atitudes, o comportamento. A vantagem na reflexão consiste numa maior visão do interior. É mais fácil reconhecer erros e tomar decisões sensatas quando se pensa bem nas coisas, quando temos mais certezas.

Ter certezas não é uma coisa fácil, mas também não é fácil estar num problema por falta de coragem de ser sincero e fazer as coisas. Quem tem que fazer algo pela sua felicidade é você. E ser feliz não significa ter que prejudicar ninguém.


terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Com amor, Janis



Devo admitir que a primeira vez que vi Janis fiquei simplesmente chocada. Já tinha contato com algumas bandas de rock, mas a voz rasgante, a presença, a força dela, me deixaram assustada.

Felizmente, logo me apaixonei por Jim Morrison. Peguei emprestado com um amigo um cd com clipes do Doors, que também tinha algumas músicas de Janis. Eu sempre pulava. Só Jim me interessava.

Acontece que um dia não voltei ao quarto rápido o suficiente para tirar a música. Foi quando começou a tocar Piece of my heart, e fiquei encantada. Agora eu conseguia entender o que era bom de verdade.

Daí pra cá, foi só aprendizagem. Cada vez que ouço a voz dela uma torrente de emoções toma conta de mim, em todos os sentidos. Sua música é uma viagem pelo espírito, é sincera e esplêndida.

Sou apaixonada por música e por livros. Cultura, no geral. Vi a biografia, escrita pela irmã, Laura Joplin, e fiquei louca pelo livro. Eu ia à livraria todos os dias vê-lo, olhar as fotos, pegar uma partinha aqui, outra ali (minha mãe não é muito chegada em financiar minhas manias). Eu e o Felipe costumamos ir muito ver livros juntos. Mostrei a ele. Acho que ele viu o brilho nos meus olhos. Me deu de presente.



A escrita de Laura não é extremamente interessante. O que é gostoso é ver o amor incondicional que ela e sua família sentiam, e a necessidade de esclarecer fatos, contar histórias, para que as pessoas não vissem nela apenas uma mulher no palco, mas sim um ser humano sensível, confuso, porém, com coragem para enfrentar os preconceitos da época, viver a vida do jeito que ela realmente achava que deveria viver.

Nos anos 60 a segregação racial era imensa. Porém, Janis nunca foi a favor disso. Sempre soube que éramos todos iguais. Eu já a admirava. Depois disso, ainda mais.

Infelizmente, a idéia de liberdade, de luta contra a sociedade naquela época, era seguida de perto por fatores nocivos, como as drogas e o álcool, e o seu espírito auto-destrutivo fez com que as coisas acontecessem do jeito que aconteceram.

Outra coisa interessante no livro é que, apesar de ser a irmã, Laura não escondeu fatos que poderiam 'manchar' a imagem da cantora. Pode ter sido pessoal em alguns pontos, mas com certeza se percebe a intenção de ser fiel aos acontecimentos.

Foi maravilhoso saber um pouco mais sobre ela. E ter dado um fora no meu Jim... uma puta coragem! Ahhh se fosse eu no lugar dela, não pensaria duas vezes!

Foi um presente de natal maravilhoso! Pra quem gosta de Janis tanto quanto eu, o livro vale a pena!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

New sensations


Sabe quando as sensações mudam de repente, e se tem medo de que a mente não volte a ser o que era antes?Passei por isso hoje. Foi bem estranho.

Se eu fosse contar as vezes que me preocupei com coisas que estavam fora do meu alcance, eu não viveria mais. Eu só contaria. É extremamente inacreditável que eu tenha, enfim, me livrado dessa mania de querer estar 'zerada', sem problema nenhum.

Esta noite sonhei com uma pessoa com quem não falo há algum tempo, mas acontecia algo de tão bom na sua vida, que me permiti lhe desejar o bem também, já que ela não espera isso de mim.

Voltando ao assunto... Foi diferente mesmo. Eu senti uma coisa estranha, e até agora estou me sentindo assim, como seu meus sentidos tivessem sido tapeados, e minha cabeça doeu, e eu não consegui parar de prestar atenção no silêncio que me assaltou.

É como se eu soubesse que estou construindo alguma coisa para mim, mas não para agora. É isso. Deve ser por aí. Eu queria conseguir dormir pra me concentrar.

sábado, 24 de janeiro de 2009

De um tempo atrás



Well well well... Quanto mais o tempo passa, mais eu me convenço de certas coisas. Me convenço de que apesar de ser uma pessoa consideravelmente temperamental e mesquinha, existe gente bem pior que eu - gente que não tem seus próprios objetivos para buscar.

Não consigo ver nenhum sentido em certos jogos de comparações, vantagens e orgulho. Existe gente tentando mostrar algo que nunca existiu de verdade, fazer de conta que algo que já nasceu para não dar certo na verdade era um conto de fadas. Existe gente por aí procurando motivos pra fingir que depois de certas perdas, nada mais dará certo.

Mas o que fazer quando se sabe que foi preciso olhar para a pior parte de certas coisas para ter certeza de que se está olhando para a lugar certo? Será que sou eu que preciso provar algo para alguém? Acredito que não. Eu tenho certeza.

De fato, as minhas fraquezas me atacam na hora que não deviam, e essas tentativas frustadas de 'certas vantagens' me deixam possessa, mas o suficiente para que eu me dê conta, logo depois, de que se estão tão preocupados em fazer indagações aos outros, é porque nem eles mesmo têm certeza. Vivem num mundinho de mentira, num ciclo interminável de falsidade, de 'consideração', de perseguição quase paranóica. Não existe mais nada que vocês tenham que saber. Não existe nada que eu tenha que explicar.

Todo mundo sabe fingir. Mas não tempo demais. Chega uma hora que a máscara começa a derreter, e aquela educação toda, aquele interesse fantasiado de consideração começa a apodrecer, a se suicidar, a querer sair do meio que se quis tanto pertencer. Começa a se sentir que todos os esforços foram em vão, que tudo de bom que se conseguiu foi uma ilusão, já que ficar montando pessoas nunca vai tão longe assim. O ser fantástico que se imaginava nunca existiu, aí o próprio mentor de tantas mentiras começa a se sentir vil, fraco, e é muito mais cruel quando se descobre isso por si.

Hoje, estou tranqüila. Não tenho todas as certezas do mundo, apenas a certeza que preciso ter, suficiente para não cair nas armadilhas de gente dissimulada que não tem objetivos a seguir. Desculpem, mas eu tenho os meus. ( E às gargalhadas)!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

I'm in the middle without any plains.

http://www.youtube.com/watch?v=HHEUyu9lpIE


Uau! Esperei a vida inteira por isso e hoje, que cheguei, enfim, estou numa situação, no mínimo, brochante! Isso mesmo. Desânimo é a palavra que poderia definir muito bem o meu estado de espírito hoje.

Todo mundo que me conhece sabe que mudo muito de humor, mas imagino que não estarei muito mais animada amanhã.

Eu sou, teoricamente, uma mulher, dona das minha vida, independente, e no mínimo, no mínimo, sem rumo.

Isso porque todos os meus planos são um tanto utópicos, o que não significa que não tentarei executá-los. Este é o ano das grandes decisões.

Pelo menos do senso de responsabilidade. Agora sim eu posso ser o que eu quiser. E ninguém mais pode me impedir. (Só a polícia).

I'm waiting for the calls.

domingo, 18 de janeiro de 2009

SOS Montáveis




Fazer o vestibular é uma atitude que pode ser tomada por muitos motivos. Desde a vontade de ser um profissional respeitável e crescer na vida à pressão feita pelos pais para que você tenha responsabilidades. Porém, na minha opinião, dar uma passo tão sério por causa de vontades que não sejam as suas não é uma coisa lá muito aconselhável. Você desrespeita suas vontades, e tem que se adequar a pessoas e ambientes que não combinam com você, se torna alguém adequável, montável.

Trocando em miúdos: uma pessoa que é apaixonada por matemática não vai ter muito assunto, normalmente, com quem adora literatura, e se ela quer participar, acaba tendo que dar opiniões que não são dela, falar de coisas que ela desconhece, para ser respeitada naquele ambiente. E cai na besteira de fingir entender plenamente do assunto, deixa de ser ela mesma, para ser agradável e querida.

E isso não é só em questão de cursos. Já vi muita gente por aí fingindo gostar de músicas, roupas, pessoas, livros, programas, só pra poder dizer que faz parte de algum grupo, que é importante dentro de alguma instituição.

Mas o que acontece é que se vê longe quem não está sendo sincero. Pessoalmente, detesto pessoas que acham saber tudo, e estão em todos os assuntos, e querem ser o centro das atenções. Eu estou é fugindo desse tipo de gente!

É fato que a sociedade, de certo modo, exige que as pessoas pertençam a alguma classificação, para que sejam rotuladas, numeradas, massificadas, e assim, fáceis de dominar. É abominável. Óbvio que ninguém sabe o que quer o tempo todo, mas tenho certeza que todos nós sabemos o que NÃO queremos.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

There she goes...



Well well well... Tomorrow will be the great day!
I'll have to show what I'm doing here...
But I'm right, this isn't enough.
Not yet...

I have to pretend all the time.
And tomorrow, again
I'm not ok
I'm not so special
But I can be better than all this shit.

Good luck for you, Dayse.

ps: This song is a joke. But I'd love to believe it.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

[...]Cheia de travessões

Não querem que a taxa de mortalidade acabe:
- Mais crianças, mais hospitais, mais escolas, menos operárias;
Não querem melhorar a saúde pública:
- Mais vacinas, mais velhos, mais vidas;
Não querem acabar com o desmatamento:
- Mais árvores, menos lucros, menos fingimento de progresso;
Não querem abrir os arquivos da ditadura:
- Menos justiça, menos punições, onde enterraram nossos mortos?
Todo mundo acredita no Jornal Nacional:
- Sensacionalismo, manipulação (é tudo uma massificação)

E tudo isso implica em muitas outras coisas... tem gente deixando a cultura
Tem gente deixando a vida e a luta
Esquecendo (será que já tivemos?) o amor próprio e a dignidade
E eu ainda tenho que ouvir que 'eles' são patriotas...

Me sinto de mais amarradas. Todo mundo tá lá na sala assistindo a novela das oito...


Mulher proletária


Mulher proletária — única fábrica
que o operário tem, (fabrica filhos)
tu
na tua superprodução de máquina humana
forneces anjos para o Senhor Jesus,
forneces braços para o senhor burguês.


Mulher proletária,
o operário, teu proprietário
há de ver, há de ver:
a tua produção,
a tua superprodução,
ao contrário das máquinas burguesas
salvar o teu proprietário.

(Jorge de Lima)